A mais nova obra de Oscar Neimeyer

Centro Administrativo - Vista Geral

Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho arquiteto brasileiro considerado um dos nomes mais influentes na Arquitetura Moderna Internacional. Foi pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado. Dada a preferência pelo concreto armado e o desenvolvimento das inúmeras possibilidades fornecidas pelo mesmo, as obras de Niemeyer contaram com a fundamental parceria dos engenheiros Joaquim Cardoso (1897-1978) e José carlos Sussekind (1947). Sendo o primeiro responsável pelo cálculo da maioria das obras da construção de Brasília e o segundo pelas obras da década de 70 até a atualidade.

E com 101 anos de idade coroa a sua carreira de reconhecido sucesso em todo o mundo com o seu mais novo projeto: o centro administrativo de Minas Gerais. Para quem não sabe, Niemeyer começou em Minas Gerais com o Conjunto Arquitetônico da Pampulha. O novo Palácio do Governo será uma das mais ousadas obras do Oscar Niemeyer, em 70 anos de carreira. Com 150 metros de extensão e 20 metros de largura, o edifício de concreto armado de 5 pavimentos estará suspenso por 30 cabos de aço revestidos de concreto presos a um pórtico de concreto. O vão livre de 150 metros de comprimento será o maior do mundo já construído ao redor do mundo.

Maior vão livre do mundo: 150 metros

“É um recorde na história do concreto armado. O Palácio do Governo vai espantar, porque nunca se viu um palácio que é um triângulo com 150 metros com 5 andares pendurado em 4 colunas. Não estou ferindo a técnica, não estou desvirtuando os esquemas técnicos. Estou propondo uma coisa diferente que a arquitetura vai saber realizar. O palácio vai ser um espanto  para quem passar por lá”, afirmou Oscar Niemeyer.

“Niemeyer decidiu que esse prédio precisava mostrar para o Brasil que em Minas, em Belo Horizonte, houve uma civilização que foi capaz de levar a tecnologia do concreto da construção ao limite supremo da audácia inigualável por nenhum povo do mundo. Esse prédio tem que traduzir a majestade do estado de Minas Gerais, não menos do que isso. Tinha que mostrar a grandeza, a hierarquia, a majestade da representação de Minas com um manifesto da grandeza tecnológica do Brasil e de Minas. Foi concebido esse palácio que significa para sempre um recorde supremo da audácia da construção”, afirmou o Engenheiro Sussekind.

As obras do complexo completaram 14 meses em fevereiro e estão com todas as etapas cumpridas conforme o previsto no cronograma. O complexo é formado por três prédios, que abrigarão as 18 secretarias e a governadoria do Estado. Surpreso com o estado adiantado das obras, Niemeyer ouviu com atenção as explicações dadas pelos engenheiros responsáveis pelas obras e, ao final da visita, falou sobre a satisfação de ver o seu projeto sendo concretizado.

“É muito bom ver que tudo está caminhando às mil maravilhas. Eu fico espantado, tudo está transcorrendo tão bem. É preciso haver entusiasmo e a certeza de que essa obra vai ser importante para Belo Horizonte, para tudo correr tão bem assim. Eu felicito o governador pelo entusiasmo, compreensão e coragem nessa obra que projetei”, afirmou Niemeyer.

Durante a visita, o arquiteto deixou a marca de suas mãos numa placa de bronze que será fixada no Centro Administrativo, em local ainda a ser definido após conclusão da obra.

FUNCIONALIDADE E TECNOLOGIA.O Centro Administrativo aliará funcionalidade e tecnologia dentro de uma concepção modernista. Construído em uma área de 804 mil metros quadrados, o centro será equipado com sala datacenter, reunindo todos os sistemas de dados e de informações do Estado, auditório, centro de convivência e praça cívica. Quando concluído, o centro administrativo reunirá cerca de 16 mil servidores e centralizará toda a rede de serviços prestados pelos órgãos públicos à população, com circulação média de dez mil pessoas por dia. A obra representa ainda um marco no desenvolvimento da capital com a revitalização urbana e viária da Região Norte de Belo Horizonte. Instalado às margens da Linha Verde, via expressa que liga a região central da capital ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) – o investimento reverte o processo de empobrecimento vivido pela região nas últimas décadas, marcado pela carência de serviços e pelo expressivo crescimento demográfico.

O investimento total na obra, sob a coordenação da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig), é de R$ 948,5 milhões. O processo licitatório foi realizado pelo regime de empreitada com preço global fixo e irreajustável e contou com projeto executivo detalhado com especificações técnicas dos materiais e acabamentos utilizados. A obra foi dividida em três lotes e está sendo executada por três consórcios. “Houve um cuidado extremado em todas as etapas, em todos os processos que levaram ou que levam hoje à construção do maior e mais moderno centro administrativo do país”, afirmou o governador Aécio Neves.

PROTEÇÃO AMBIENTAL. A construção do Centro Administrativo representará também importante resgate ambiental para Belo Horizonte. Para garantir que o ecossistema da região Norte seja preservado, o Governo do Estado criou o Parque Estadual Serra Verde nas imediações do complexo, recuperando toda área ambientalmente degradada.

O Serra Verde está localizado em uma região de transição entre os biomas Cerrado e Mata Atlântica e se destaca também pela sua importância em relação aos recursos hídricos. Na área do parque há várias nascentes e cursos d’água que contribuem para o sistema de lagoas da região. Com 105 hectares, o Serra Verde – criado por decreto em 12 de dezembro de 2007- formará um cinturão verde ao redor do Centro Administrativo e será o segundo maior parque de Belo Horizonte, menor apenas que o Parque das Mangabeiras (municipal).

A obra também é realizada dentro dos conceitos de desenvolvimento sustentável. Os cuidados com a obra passam por questões como o tratamento dos resíduos, monitoramento da qualidade do ar, definições das tecnologias construtivas empregadas nos prédios e, sobretudo, na preservação das áreas verdes do entorno.

Recentemente as encomendas aumentaram e estão sendo construídos centros culturais e teatros projetados por Niemeyer no Chile, na Argentina, na Espanha e na Itália. No Brasil, além do Centro Administrativo do Governo de Minas Gerais, em Belo Horizonte, há outras obras em andamento em Natal e em Recife. “Niemeyer é uma das poucas unanimidades do nosso tempo, não apenas pelo extraordinário talento, mas pela dimensão ética que tem imprimido a sua vida.

Sua arquitetura é profundamente humanista. Sabe expressar o silêncio e o protesto, a reflexão e a alegria e, sobretudo, a solidariedade. Foi nas linhas das montanhas de Minas que Oscar se encantou com a imponência das curvas”, disse o Governador mineiro Aécio Neves no dia 23 de setembro, quando o arquiteto visitou as obras do Centro Administrativo.

DIVERSIDADE CULTURAL. A construção do Centro Administrativo vai transformar a Praça da Liberdade, onde o conjunto arquitetônico abriga algumas secretarias e órgãos do estado, no maior complexo cultural aberto à população de Belo Horizonte. Assim que as secretarias forem transferidas para o Serra Verde, os prédios vão dar lugar a centros de cinema, teatro, dança, concertos, exposições, oficinas e cursos, videotecas e biblioteca. O governo não adiantou quando as salas vão ser inauguradas, mas informou que a primeira fase prevê a revitalização dos prédios que vão abrigar o Centro Cultural Banco do Brasil, o centro Cultural Companhia Vale do Rio Doce, o Centro de Referência do Professor e a Praça da Ciência.

Sds.

Germano Araújo.